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quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Ruas e Becos

Admito sem pudores que enquanto caminho em ruas e becos escuros entre sombras e sussurros, sinto um prazer sórdido e macabro de fazer o mal e observar o mal; maldade pura e simples.

Admito esse meu delicioso e pervertido prazer em entrar em ruas e becos que só se pode entrar pela porta dos fundos. Ruas onde os transeuntes são sonhos ocultos e fugitivos, mentiras, culpas e pecados. Ruas e becos onde se espera muito para receber poucas migalhas de restos de qualquer coisa que cai da opulência dos indiferentes.

Ruas e becos de sexo profano, roubado, explorado, sujo, desvairado em noites frias com lufadas de ventos gélidos que espalham o cheiro da profanação e da tristeza disfarçada em deboche e resignação que estimula a minha insensibilidade de sadismo duro que se deixa petrificar diante da humilhação e do sofrimento que os risos dos bêbados e das prostitutas tentam sufocar.

Às vezes entro em um boteco sujo, assento em um tamborete, em um canto escuro e apenas sinto os cheiros dos freqüentadores das ruas e dos becos escuros de BH, o cheiro da dor, da humilhação, da angústia daquele ambiente cinza, nublado e triste. Mas estranhamente no ar carregado há algo mais doce que o mel e eu me entrego completamente aos delírios do meu prazer sádico e sarcástico. Um prazer com percepções picantementes e sutis que transpassam as barreiras metafísicas alcançando a beleza na maldade emocional.

Somente quando vivenciamos o contraste entre a opulência e a miséria, aceitamos o convite à depravação e encontramos o encantamento e a beleza das ruas e dos becos escuros da cidade.

Naturalmente esse convite à depravação é mais bem vivenciado quando acompanhado com uma cadelinha SUBMISSA, humilhada e ultrajada em uma linda coleira de prata. É sempre o contraste do requinte e a simplicidade mais crua e triste da humilhação que me fascina.

Dom Resende